segunda-feira, 18 de junho de 2012

Pesquisar a obra de outros poetas românticos brasileiros da época e produzir um poema nos moldes Ultrarromânticos.

Pesquisar a obra de outros poetas românticos brasileiros da época.


Fagundes Varela
     Poeta da fase romântica, Luís Nicolau Fagundes Varela nasceu em Rio Claro, RJ, em 1841 e morreu em Niterói em 1875.
     Uma das vitalidades do Romantismo, a atravessar, inclusive, algumas das vanguardas e outros importantes movimentos mundiais do século XX, foi a da própria vida do artista, questionando os valores decadentes da vida burguesa, se transformar em obra de arte. Nesse sentido, Fagundes Varela foi um romântico exemplar. Nele, tudo é desregramento: mulheres, brigas, bebedeiras, contas devidas na praça, vadiagem, hostilidades explícitas a transeuntes nas ruas, salvamento heróico de pessoas em um naufrágio etc. Acrescenta-se, a isso, a morte de dois filhos e de uma de suas esposas, para compor um rápido panorama da tragicidade de sua existência, além da sua própria passagem ter sido provocada pelo álcool.
     Detestando a hipocrisia da vida urbana e expurgando as dores que lhe eram impingidas, Varela fazia intermináveis andanças pelo ermo da natureza selvagem, onde conseguia se reconciliar com a alegria originária do cosmos. Tendo escrito o ‘Evangelho na Selva’, onde buscou sua imortalidade literária, ele é tido como o último dos grandes românticos, com uma poesia à altura de sua vida.
Obras:
Noturnas (1861); O Estandarte Auriverde (1863); Vozes da América (1864); Cantos e Fantasias (1865); Cantos Meridionais (1869); Cantos do Ermo e da Cidade (1869); Anchieta ou o Evangelho na Selva (1875); Cantos Religiosos (1878); Diário de Lázaro (1880); Poesias Completas (1956).
Em 1878 seu amigo Otaviano Hudson organizou Cantos Religiosos, cuja publicação destinava-se a auxiliar sua viúva e filhas.

A Flor do Maracujá
Pelas azuis borboletas
Que descem do Panamá,
Pelos tesouros ocultos
Nas minas do Sincorá,
Pelas chagas roxeadas
Da flor do maracujá!

Pelo mar, pelo deserto,
Pelas montanhas, sinhá!
Pelas florestas imensas
Que falam de Jeová!
Pela lança ensangüentada
Da flor do maracujá

Por tudo que o céu revela!
Por tudo que a terra dá,
Eu te juro que minh’alma
De tua alma escrava está!...
Guarda contigo este emblema
Da flor do maracujá!

Não se enojem teus ouvidos
De tantas rimas em - a -
Mas ouve meus juramentos,
Meus cantos ouve, sinhá!
Te peço pelos mistérios
Da flor do maracujá!

Casimiro de Abreu
     O poeta Casimiro José Marques de Abreu nasceu no Rio de Janeiro em 1839 e morreu na fazenda do Indaiaçu, onde hoje é o município de Casimiro de Abreu, RJ, em 1860.
     Uma das características mais marcantes da arte a partir do século XX é sua abertura àquilo que, anteriormente, não era reconhecidamente artístico. Nessa mestiçagem, tornando-se alguém que pode privilegiar qualquer assunto como motivação de seu fazer, o poeta abre mão dos temas românticos e assume para si a perda de sua aura. Apesar disso, não foi sempre assim. O mundo já se dividira em pessoas de ação e sonhadores extravagantes — os poetas —, que possuíam um certo repertório de temas a ser cantado.
     Tendo morrido aos 21 anos, Casimiro de Abreu, aliando à espontaneidade lingüística, à despretensão formal e à valorização do sentimento, tornou-se um dos poetas mais lidos do Brasil, talvez justamente por ser o ponto de convergência de inúmeros topos reconhecidamente poéticos (a saudade, o amor, a tristeza, os desejos, etc.), filtrados por uma graciosidade toda própria. É, no mínimo, curioso que aos 20 anos de idade alguém já se sinta melancólico pela perda da "minha infância querida/ que os anos não trazem mais...". Mas como não se curvar diante desse embalo vivenciado, em algum momento da vida, por quase todas as pessoas?
Obras
- Poesias
Primaveras (1859)
- Teatro
Camões e o Jau (1856)
- Prosa Poética
A virgem loura Páginas do coração (1857)
- Romance
Carolina (1856)
Camila - inacabado - (1856)
- Obras Completas (1940); Poesias Completas (1948); Obras de C. A. (1999).

Meus oito anos
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar - é lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!

Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minhã irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
- Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!

Junqueira Freire
Junqueira Freire (Luís José J. F.), monge beneditino, sacerdote e poeta, nasceu em Salvador, BA, em 31 de dezembro de 1832, e faleceu na mesma cidade, em 24 de junho de 1855. É o patrono da Cadeira n. 25, por escolha do fundador Franklin Dória.

Junqueira Freire
Era filho de José Vicente de Sá Freire e Felicidade Augusta Junqueira. Feitos os estudos primários e os de latim, de maneira irregular por motivo de saúde, matriculou-se em 1849 no Liceu Provincial, onde foi excelente aluno, grande ledor e já poeta. Por motivos familiares, ingressou na Ordem dos Beneditinos em 1851, aos 19 anos, sem vocação, professando no ano seguinte com o nome de Frei Luís de Santa Escolástica Junqueira Freire.
Na clausura do Mosteiro de São Bento de Salvador viveu amargurado, revoltado e arrependido por certo da decisão irrevogável que tomara. Mas ali pôde fazer suas leituras prediletas e escrever poesias, além de exercer atividade como professor. Em 1853 pediu a secularização, que lhe permitiria libertar-se da disciplina monástica, embora permanecendo sacerdote, por força dos votos perpétuos. Obtida a secularização no ano seguinte, recolheu-se à casa, onde redigiu a breve Autobiografia, em que manifesta um senso agudo de auto-análise. Ao mesmo tempo, cuidou da impressão de uma coletânea de versos, a que deu o nome de Inspirações do claustro, impressa na Bahia pouco antes de sua morte, aos 23 anos, motivada por moléstia cardíaca de que sofria desde a infância.
A sua obra poética enquadra-se na terceira fase do Romantismo, dita de ultra-romantismo. Na sua geração foi o mais ligado aos padrões do Neoclassicismo português, ele próprio sendo autor de um compêndio conservador, Elementos de retórica nacional, que explica a sua concepção de poesia como cadência medida e até certo ponto prosaica. A sua mensagem, como a dos românticos em geral, era complexa demais para caber na regularidade do sistema clássico. O drama que tencionava mostrar era o erro de vocação que o levou ao claustro, seguido da crise moral e do conflito interior que o levaram a abandoná-lo. Daí provieram os temas mais freqüentes da sua poesia, misturados a preces e blasfêmias:
o horror ao celibato; o desejo reprimido que o perturbava e aguçava o sentimento de pecado; a revolta contra a regra, contra o mundo e contra si próprio; o remorso e, como conseqüência natural, a obsessão de morte. O poeta clama na sua cela e traz desordenadamente este tumulto ao leitor.
Sua poesia, ora do cunho religioso, ora social, tem lugar relevante no Romantismo brasileiro. Possuía também um sentimento brasileiro, além de uma tendência antimonárquica, liberal e social.
Obra:
Inspirações do claustro (1855); Elementos de retórica nacional (1869); Obras, edição crítica por Roberto Alvim, 3 vols. (1944); Junqueira Freire, org. por Antonio Carlos Vilaça (Coleção Nossos Clássicos, n. 66); Desespero na solidão, org. por Antonio Carlos Vilaça (1976); Obra poética de Junqueira Freire (1970).

Teus Olhos
Que lindos olhos
Que estão em ti!
Tão lindos olhos
Eu nunca vi...

Pode haver belos
Mas não tais quais;
Não há no mundo
Quem tenha iguais.

São dois luzeiros,
São dois faróis:
Dois claros astros,
Dois vivos sóis.

Olhos que roubam
A luz de Deus:
Só estes olhos
Podem ser teus.

Olhos que falam
Ao coração:
Olhos que sabem
Dizer paixão.

Têm tal encanto
Os olhos teus!
— Quem pode mais?
Eles ou Deus?

Produção de poemas nos moldes dos Ultrarromânticos.
Se minha vida fosse sonho
E meus sonhos realidade
Poderia ser então
Que eu o tivesse de verdade

Tua face, os teus olhos
Me iluminam o caminho.
E me tiram da tristeza,
Escuridão e desalinho.

E tuas doces palavras
Que da dúvida sempre me tiram,
Aconselhando, ensinando
E que nas dificuldades me motivam.

Tu és meu doce amado,
O meu mais lindo delírio
Minha felicidade clandestina
E o meu doloroso suspiro.
Postado por Gabriela Maria e leticia Lopes - 9ºA

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